Por Mariana Bomfim | Colaboração para a Folha
Donos de restaurantes por quilo e bufê em São Paulo terão menos motivos para comemorar se o Brasil levantar a taça da Copa. A Folha conversou com proprietários de 11 estabelecimentos em diversas regiões da capital paulista e a expectativa é de queda das vendas nos dias de jogos da seleção. Se a equipe vencer o torneio, são sete dias de baixo movimento. Se perder na primeira fase, são só três.
“Muito se comenta sobre os grandes benefícios da Copa para o setor de refeição fora de casa”, diz o consultor da área de alimentação Enzo Donna. “Mas os restaurantes ligados ao mercado de trabalho –por quilo, bufê e com pratos executivos– vão ser muito prejudicados.”
Nesse segmento, a maior parte dos clientes são funcionários de empresas da região no horário do almoço. Quando as companhias dispensam os empregados ou os liberam mais cedo, os restaurantes perdem essa clientela.
“A maioria dos nossos fregueses já avisaram que serão dispensados em dia de jogo da seleção”, diz Priscila Fiorito de Oliveira, do restaurante Dona Maria, na Liberdade.
Heloisa Helena de Medeiros Duarte, consultora da área, afirma que a queda das vendas não se deve ao fato de o Brasil sediar o torneio. “Em toda Copa é assim. Os comerciantes esperam as empresas anunciarem o que farão em dia de jogo do Brasil para decidir se vão funcionar.” Segundo ela, se for decretado feriado, não vale a pena nem abrir as portas.
PELA METADE
Ana Virgínia Lutti, dos restaurantes Boa Mesa (no Brás, no Bom Retiro, na Vila Leopoldina e na Liberdade), conta que, pela experiência de outras Copas, o movimento chega a “cair pela metade”.
Já o dono do Santa Clara, em Pinheiros, José Eduardo Gonçalves de Jesus, diz que decidiu fechá-lo quando a seleção jogar. “Na Copa da Alemanha, há oito anos, nós abrimos e não deu certo.”
Alguns dos empresários que vão manter as casas abertas investiram em mudanças para tentar atrair fregueses.
O Delicacy, no Paraíso, que normalmente fecha às 15h30, incluiu cervejas e petiscos no cardápio e vai funcionar até mais tarde, quando os jogos forem depois desse horário –o Brasil entra em campo às 16h e às 17h na primeira fase.
Considerando o setor de alimentação fora de casa, Enzo Donna diz que a Copa não deve resultar em maior faturamento. “A vinda de turistas vai aumentar o fluxo em bares, churrascarias e fast food. Mas o aumento vai só compensar as perdas dos restaurantes em dia de jogo.”
A Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) discorda. “Os restaurantes por quilo e bufê podem operar com perdas de 30% a 40%. Mas o setor como um todo tem perspectiva de 30% de aumento”, diz o presidente-executivo Paulo Solmucci.
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