Por: André Jankavski
A aquisição da padaria Benjamim Abrahão pode representar o início de uma profissionalização do segmento, diz especialista
O fundo Península, do empresário Abilio Diniz, o Ocenan e o Innova Capital, que tem como um dos cotistas o homem mais rico do Brasil, Jorge Paulo Lemann, oficializaram a aquisição da rede paulistana de padarias Benjamim Abrahão, com sete unidades em funcionamento, sendo quatro delas baseadas em faculdades de São Paulo.
A compra gerou a curiosidade. Por que, afinal, dois bilionários brasileiros resolveram investir em um padaria?“O segmento tem um potencial enorme de oportunidades”, diz Enzo Donna, analista da consultoria ECD, especializada em food service. “Além disso, as padarias estão sofrendo menos com a crise do que o resto do setor.”
Até então fora dos radares dos investidores, o segmento de padarias é um nicho pouco explorado pelos capitalistas brasileiros. São mais de 63 mil estabelecimentos espalhados pelo País, a grande maioria sob administração familiar. O número de clientes não é nada desprezível. De acordo com dados da ECD, diariamente, 5 milhões de brasileiros tomam café da manhã e outros 3,7 milhões almoçam em padarias. A profissionalização do setor, segundo Donna, pode potencializar ainda mais esses números.
Outro fator que pode ter corroborado com a compra do Benjamim Abrahão é o seu apelo com os jovens. A empresa possui lojas dentro de grandes universidades de São Paulo, como Mackenzie, PUC-SP e Uninove. “Eles já possuem clientes das classes A e B fidelizados, mas a atuação dentro de faculdades mostra que existem outras formas de explorar a marca”, diz Donna. “A Benjamim Abrahão tem potencial de ser um Pão de Açúcar das padarias.”
A primeira padaria sob o comando do fundador Benjamim Abrahão, falecido em 2001, foi a La Espanhola, aberta na década de 1970, em Higienópolis, bairro nobre de São Paulo, e que não pertence mais à família. A primeira unidade da Benjamim Abrahão, também localizada em Higienópolis, foi inaugurada em 1977 e está aberta no mesmo endereço até hoje.